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quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

As praias do Ceará

As Praias do Ceará
Por Viaje Mais / Tales Azzi

O litoral brasileiro tem 8 mil quilômetros de praias, mas em nenhum outro lugar de toda a costa elas são tão arrebatadoras quanto no Ceará. As praias cearenses são de uma beleza especial, diferente do que se vê em outras praias do país. Não é aquela beleza pronta de cartão-postal, de enseadinha de água azul-piscina cheia de coqueiros em volta. As praias do Ceará são áridas e intensas, ao pé de dunas e falésias são desenhadas pela amplidão, por ventos fortes e muito, muito sol. Compõem um litoral que, naquele trecho, deixa de ser norte e sul para se tornar leste e oeste, ou melhor: Costa do Sol Nascente ou Costa do Sol Poente, nomes mais poéticos para os litorais à direita ou à esquerda da capital Fortaleza.

Por uma sorte geográfica, Fortaleza fica localizada estrategicamente no meio da costa cearense, que tem cerca de 580 km de extensão ao todo. Num raio de uma ou duas horas da cidade há um conjunto espetacular de praias, acessíveis em passeios rápidos de um dia. Para chegar a elas, nada de jegue, a maneira mais tradicional - e divertida - é usar os bugues, que fazem caminho pela própria areia, seguindo à beira-mar, com a brisa no rosto e o Atlântico sempre ao lado. Vez ou outra surge um riozinho pelo caminho, mas sempre há uma jangada movida a vara para levar o valente conversível para o outro lado.

Essa é justamente uma das grandes vantagens de viajar para Fortaleza. Você não fica confinado na cidade, mas a utiliza como base para explorar o que está em volta, ou no caso, para os lados. A rotina do turista é girar a bússola e escolher para onde ir. Mas não sem antes intercalar um banho de mar e passeios pela própria capital, que é uma cidade alegre e com diversão de segunda a segunda. Só que as praias centrais de Fortaleza - Meireles, Mucuripe e Iracema - não são aconselháveis para mergulho. Servem mais para caminhar e gazetear no calçadão, que tem feirinha de artesanato e boa parte da vida noturna da cidade.

O melhor banho de mar está na Praia do Futuro, a dez minutos de carro do centro. Trata-se de um praião de 12 km, com faixa de areia larga e boas ondas, onde estão as maiores barracas de praia do Brasil, algumas tão grandes que são quase como mini-clubes, com piscina, toboágua e playground para crianças. Algumas tem até lojinhas, salão de beleza e lan house. É o caso da Croco Beach, a maiorzona, que acomoda uma verdadeira multidão dividida em centenas de mesas na praia, diante do palco, onde rolam shows de humor, e à beira da piscina. O objetivo ali nem é tanto a praia, mas a própria barraca, para passar o dia petiscando. Às quintas-feiras, o programa oficial de Fortaleza é ir à Praia do Futuro para comer caranguejo e assistir ao shows nas mega-barracas. Se preferir, lá pro final da praia, também há quiosques mais simples e vazios.

Se praia for pouco, Fortaleza tem um dos maiores parques aquáticos do Brasil: O Beach Park, que entre outras atrações tem o toboágua mais alto do país, do tamanho de um prédio de 14 andares, chamado Insano. É preciso nervos de aço para encarar a descida a quase 100km/h no tal toboágua. Mas há piscinas para todos os públicos. As crianças, logicamente, adoram e os adultos se divertem tanto quanto elas. Todos os dias formam-se longas filas na entrada do Beach Park, que fica na Praia de Porto das Dunas, afastado quase meia hora do centro.



Cumbuco, Lagoinha e Morro Branco

Os bugueiros que oferecem os passeios pelas praias cearenses ficam à caça dos clientes estacionados ao lado do calçadão da Avenida Beira-mar. Para convencer quem passa, eles tem os preços dos passeios na ponta da língua e um albinho com fotos das praias sempre à mão. Mas as praias são sempre mais bonitas do que nas fotos que eles mostram. Os roteiros são manjados, o que não quer dizer que sejam desinteressantes.

O mais procurado - já incluído até nos pacotes para Fortaleza - leva a Praia do Cumbuco, que fica colada a capital. Pela proximidade, costuma ter grande movimento de gente seja qual for o dia da semana, mas o passeio de bugue nas dunas do Parnamirim, com esquibunda no roteiro, faz todo mundo esquecer a multidão que está ali pelo mesmo motivo. O truque é ficar enrolando nas barracas até o pôr-do-sol, quando os ônibus de excursão vão embora, e Cumbuco mostra sua verdadeira face, a mesma que inspira os artistas que pintam quadros à venda na feirinha de Mucuripe: uma praia dourada, uma imensa bola amarela ao fundo e silhuetas de jangadinhas ancoradas.

Uma hora adiante de Cumbuco, com acesso pela CE-085, também chamada de Rota do Sol Poente, está a praia da Lagoinha, a mais fotogênica do Ceará. Tudo por causa de uma duna avermelhada no canto direito da praia, com uma dúzia de coqueiros na ponta e jangadas lançando-se. Quase toda agência de passeio em Fortaleza exibe uma foto da Lagoinha. O grande lance é subir no mirante de onde se tem a melhor vista da praia e depois alugar um quadriciclo para ir até a vizinha praia de Flexeiras. Há algumas barracas na praia para almoçar, mas o melhor lugar para matar a fome por lá é o restaurante Fullxico, no centrinho da vila.

Para o outro lado do litoral, no sentido da Costa do Sol Nascente, 85 km de Fortaleza, os bugues fazem parada obrigatória diante da Praia do Morro Branco. Uma falésia íngrime ergue-se bem ali naquele trecho e faz da praia um cenário digno de novela de pescadores da Globo. E não por acaso, já que ali já foram gravadas cenas de diversas delas, como Final Feliz, em 1983, e Tropicaliente, em 1994. Entre as falésias há um caminho aberto pela erosão onde é possível caminhar enquanto o guia explica como artistas locais usam aquelas areias coloridas, de tons que vão do avermelhados e ao cinza, para fazer imagens de paisagens dentro de garrafas. O artesanato é o mais famoso do Ceará. Você pode até não apreciá-lo como peça de decoração, mas é impossível não se admirar com a destreza do artesãos para trabalhar a areia. Caminhando pela praia por alguns minutos, chega-se rapidinho a vizinha Praia das Fontes, que é ainda mais gostosa graças às bicas de água doce que brotam no meio da areia da falésia e caem na praia.



Canoa Quebrada

Canoa Quebrada e Jericoacoara, as duas mais famosas vilas de praia do Ceará, já são destinos por si só, desaconselháveis para passeios de um dia já que ficam distantes demais para ir e voltar no mesmo dia e tem muitas belezas nos arredores que pedem, no mínimo, duas pernoites - no caso de Canoa - ou três - caso de Jeri - para poder aproveitar sem pressa.

Para mudar a cabeça da turma do bate-e-volta, a empresa Trip da Areia lançou o pacote Canoa Quebrada, Vá e Fique, com duração de dois a sete dias, com transporte de bugue pela praia ou de ônibus, e preços que variam de R$ 160 (uma noite e ônibus) a R$ 890 (5 noites e bugue). Tudo pra convencer que o bom mesmo em Canoa é passar não só o dia, mas a noite também. Até porque é a noite que Canoa Quebrada realmente acontece. Nem Jeri tem vida boêmia tão agitada.

A antiga vila de pescadores descoberta pelos hippies nos anos de 1970, e que até hoje mantém um certo astral bicho-grilo na vilarejo, é pura calma durante o dia. Mas é só começar a escurecer que tudo muda na rua Bróduei, a rua principal da vila. Os bares começam a testar a aparelhagem de som, artesãos montam suas barraquinhas para vender colares e começam a chegar os carrinhos rústicos que vendem batidas e drinques. Primeiro chegam os casais e famílias com crianças para jantar até a rua ser tomada pela moçada baladeira. E a noite esquenta pra valer na pista da boate No Name e no Bar do Reggae, ou então no luau no Freedom Bar, na praia.

A praia, por sua vez, tem infra para receber muitos visitantes: são 23 grandes barracas fincadas na areia, mas quase todo mundo só quer saber da barraca Chega Mais, a mais tradicional, onde há sempre algum bugueiro para a oferecer passeios a outras praias da região de Canoa Quebrada. Aceite, pois todas conseguem ser ainda mais impressionantes que a própria Canoa. É o caso de majorlândia, Quixaba, Peroba e, finalmente... a Praia da Ponta Grossa, já quase na divisa com o Rio Grande do Norte. As falésias acompanham todo o percurso, mudando de cor, ganhando novos formatos. Ponta Grossa talvez seja a praia mais linda do Ceará, onde uma grande duna de quase 50 metros de altura interrompe a sucessão de falésias e reflete-se na lâmina d’água da beira-mar, já que o passeio até lá só pode ser feito no horário da maré seca.



Jericoacoara

No ponto alto da Costa do Sol Poente, em direção ao oeste de Fortaleza, a praia mais famosa e desejada é Jericoacoara, mas pode chamar só de Jeri. Dez em cada dez turistas que vão ao Ceará querem ir pra lá, apesar dos 300 km de distância de a capital. Faz tempo que Jeri deixou de ser uma vilinha de pescadores, como tantas outras do Ceará. O povoado cresceu, modernizou-se. Atualmente, oferece restaurantes com cardápio gourmet e pousadas confortáveis e charmosas, como a Mosquito Blue, a Vento Leste e a Vila Kalango, mas continua com ares desencanado, ruas de areia e vivendo a expectativa de cada pôr do sol, quando a grande duna ao lado da vila serve de arquibancada natural para o show diário do astro-rei se pondo no mar.

Durante o dia, as horas são dedicadas aos encantos que rodeiam Jeri: caminhada pela praia até a Pedra Furada e passeios de bugue que saem para os dois lados da vila. Um roteiro leva a Tatajuba, onde as dunas engoliram as casas do antigo povoado, que teve que ser reconstruído na outra margem do rio, e inclui esquibunda na duna do Funil e um mergulho na Lagoa da Torta onde os bares à margem colocam redes dentro d´água para os clientes. O outro passeio segue em direção a Jijoca, atravessando o mar de dunas, que pertencem a área de proteção ambiental tombado como Parque Nacional, até a beira das lagoas Azul e Paraíso, que fazem juz ao nome que tem. As lagoas sao as verdadeiras praias de Jeri, com areia branquinha feito talco e água azul, represada das chuvas que caem entre março e maio. E apenas nesse período, pois no resto do ano é quase impossível topar com um dia inteiro nublado.

O sol no Ceará é tanto que o governo do estado lançou a campanha "Seguro Sol". Se o turista passar um dia inteiro com chuva, sem nenhuma brechinha de sol por 24 horas seguidas, ganha outra viagem com tudo pago. Nunca aconteceu. Simplesmente porque nunca acontece. E essa é outra vantagem de ir ao Ceará, seja qual for a época, todo dia é época de ir pro Ceará.



Para explorar os segredos do Ceará

Quase todo mundo que vai a Fortaleza opta pelos pacotes já que fica bem mais em conta viajar com tudo incluído. Mas para explorar algumas das praias mais desconhecidas do Ceará, o bom mesmo é viajar de maneira independente e, com um carro alugado, montar o próprio roteiro. Assim é possível ficar livre dos horários rígidos dos passeios e ter liberdade para descobrir recantos que pouca gente conhece, visitando praias que permanecem vazias mesmo no auge do verão já que não viraram praias da moda, ainda que sejam tão bonitas quanto as praias da moda. Há estradas com saídas bem sinalizadas a partir de Fortaleza que acompanham todo o litoral.

Para a Costa do Sol Nascente, as praias são de mar aberto, com muitas falésias e casas de veraneio. Destaque para a Prainha, Morro Branco, Fontes e Canto Verde, além de Canoa Quebrada e Ponta Grossa. Pela Costa do Poente, as praias são mais desertas, com grandes dunas e vão ficando cada vez mais selvagens à medida que aumenta a distância pra capital. Além de Cumbuco e Lagoinha, vale (muito) a pena conhecer Flexeiras, Mundaú e Icaraizinho de Amontada. Nao é aconselhável ir de carro até o Jeri, sob o risco de atolar na areia. O carro deve ficar em Jijoca estacionado e o traslado para a vila é feito em jardineiras, caminhões com bancos na carroceria.



Quando Ir

Qualquer época é época de Ceará. O sol é tanto o ano inteiro que o governo cearense lançou a campanha "Seguro Sol". Se o turista topar com um dia inteiro com chuva, ou simplesmente nublado sem nenhuma brecha de sol por 24 horas seguidas, ganha outra viagem com tudo pago. Nunca aconteceu. Simplesmente porque isso nunca acontece. "Sabe o que é sentir saudade de chuva?", pergunta Marta Soares, mineira que há 11 anos vive em Canoa Quebrada. A chuva é apenas um charme urbano. Aparece e logo vai embora serve só pra hidratar a cidade.

Por Submarino Viagens

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