Olha Eu aí no Centro da Foto...

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O rio e a fonte...

Os rios... Ah! Os rios! Poluídos como muitos sentimentos. Nas correntezas apenas o lixo acumulado e não reciclado. A essência da pureza foi se perdendo ao longo de seu trajeto. O que ficou foram apenas vagas lembranças de outrora. Aquilo que não se cuida, acaba se perdendo. O que se perdeu necessita tempo para ser reencontrado.

As fontes... Ah! As fontes! Como suas águas são cristalinas. Nascem do mistério da natureza. Encontram-se escondidas nas matas silenciosas onde muitas vezes à exploração humana não conseguiu chegar. Cumprem silenciosamente seu rito de nascer para a vida.

Foi assim, que daquela fonte silenciosa nasceu o rio. No trajeto rumo ao mar da alegria, foi perdendo sua essência. Ao longo do caminho encontrou as desventuras da falta de cuidado e amor. Sozinho não teve forças pra lutar. Batalha vencida, o inimigo foi matando-o aos poucos. Hoje quando olha pro seu passado lembra-se de onde nasceu. A saudade do mistério que lhe deu vida ficou distante. Perdeu-se em mãos que não souberam amá-lo. Entregou-se aos descuidos de pessoas que não sabiam ao menos cuidar de si mesmas...

Nosso processo de existir é semelhante à fonte e ao rio. Nascemos do mistério do amor de Deus. Ao longo da vida fomos nos entregando a sentimentos adversos a nossa natureza. Perdemos-nos nas poluições de outros pensamentos, nos entregamos a sentimentos que poluíram nossa essência. Por vezes continuamos caminhando e sentimos saudades de um tempo que nem chegamos a vivenciar.

Queremos água limpa, mas esquecemos onde fica a Fonte que pode saciar nossa sede. Acostumamos-nos com a água salobra e suja das tempestades que caem sobre nossa alma. Andamos nas enxurradas barrentas dos sentimentos desumanos que estão em nós. Nossa travessia pela vida hoje está poluída por aqui não somos, mas nos acostumamos a ser.

O projeto de limpeza de nossas impurezas emocionais é tão necessário quanto à chuva que devolve vida ao solo já seco pelo longo período de estiagem. Descobrir a Fonte que irá saciar nossa sede é descobrirmos que não nascemos para a poluição que nos afugenta de nós mesmos. Na busca da Fonte da Paz inevitavelmente iremos nos encontrar com o projeto de um novo rio que caminha para o grande mar da vida.

Pe. Flávio Sobreiro

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